sábado, 1 de novembro de 2008

Para um amor na maturidade


Meio que inspirado nos maravilhosos blogs de amigas queridas surgiu um poema em homenagem à mulherada. Não sei se homenagem é bem o termo, na verdade é um poema sobre as minas, ou na verdade sobre mim mesmo a partir das minas. Sei lá. Só sei que depois de escrito, resolvi mandar pra uma amiga, que aprovou. Então publico:



À um amor na maturidade

Entendo muito mais de mim do que de homem
mas eu gosto mesmo é de mulher.
Não compartilho da predileção dos de minha geração por menininhas.
Não gosto de meninas.
Nunca fui didático.
Sexo não se ensina. Sexo é aprendizado.
Sou um homem sem saco.

Eu gosto que outros paus tenham indiretamente cruzado meu caminho.

Sempre preferi as mulheres que dão por tesão
As que nunca dão pra provar qualquer coisa.
Nem mesmo para provar que podem dar por puro tesão.

Pior que isso, só as que não dão.
Eu não sei se gosto das que não dão
mesmo quando gosto.
Eu não sei o gosto.
Impossível conhecer alguem sem saber do seu corpo.
Não gosto da inexpressividade das jovens.
Odeio a felicidade de menina.
Procuro em um rosto feminino as delicadas marcas da desilusão
(que não se tornam em dureza áspera como nos homens).
Rosto de mulher carregado de certezas.

Gosto do conflito e do sacrifício.
Não a novidade deslumbrada dos jovens, mas a novidade que é impacto
porque abala as certezas da mulher.
A menina não tem certezas, ou tem certezas demais.
A mulher carrega 3 ou 4 certezas inabaláveis e quando as perde
é como se corroessem parte de si.
Gosto da corrosão.
A menina se torna mulher quando aprende a não saber.
Quando é sim e não.
Quando se vai se ficando.
Quando se entrega se guardando.
Meninas podem ser qualquer coisa.
A mulher é uma coisa qualquer.
Gostar de mulher é deixar de ser homem.
Ser mulher é ensinar a não ser.

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Pra não deixar barato, minha amiga mandou na lata uma resposta, muito boa:

"Cadela
uma das piores consequências do machismo
é não se sentir livre
pra adorar o pinto."

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