quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Uma crítica à graciosa mala Mafalda.

Mafalda
Essa tira da Mafalda circulou no facebook quando da vitória do Corinthians, evidentemente que por não Corinthianos. Eu não sou corinthiano (graças a Deus) e tenho muitas críticas à histeira paranóica da torcida, e especialmente detesto a apropriação demagógica feito pela mídia e pelo marketing do clube com esse papinho de time do povo, usado pra arrancar mais grana da galera. Pura demagogia, o Corinthians é um clube como os outros, e como todo clube de futebol hoje, o que o move é o amor pelo lucro antes de qualquer coisa. Se falar do pobre aumenta esses lucros, tanto melhor.

Por outro lado, esse movimento contra a alienação e a despolitização produzida pelo futebol, lançado bem no momento em que os Corinthianos estão comemorando o seu título tem uma dimensão ideológica que me incomoda tanto quanto a demagogia Corinthiana. Pensei então numa resposta mal humorada pra malinha da Mafalda - menina que cresceu ouvindo Saltimbancos, os discos infantis do Toquinho\Vinicius e vendo TV Cultura – e que tem um gozo perverso ao boicotar o gozo histérico de meus parceiros Curintianos.

Sendo assim, escolha UMA das alternativas abaixo:

a) Mafalda faz um diagnóstico preciso do futebol enquanto instrumento de alienação e despolitização;

b) Mafalda reproduz a tradicional inabilidade da esquerda clássica em lidar com o campo das pulsões, paixões e desejos, inabilidade em parte responsável pelo sucesso pleno do capitalismo nesse plano;

c) Mafalda demonstra uma concepção rigidamente binária do mundo, que se divide entre um eu pleno não alienado e o outro alienado;

d) Sua imagem é o lugar mais ideológico que uma concepção altamente rígida e hierarquizada de esquerda poderia se ocultar: travestida de inocência infantil;

e) o principal efeito de reduzir o outro a condição de ideologicamente alienado é o de reproduzir a si mesmo como o espaço do não ideológico: o movimento ideológico por excelência.

f) Mafalda comete um puta erro estratégico ao tecer suas críticas no calor da vitória do Timão. Seu lugar de Verdade traí uma profunda incapacidade de lidar com o Outro.

g) Há uma forte componente de violência no próprio gesto de infantilização do adulto;

h) Porque a verdade do sentimento de "pesar" do pai é necessariamente deslegitimado pelo pesar mais nobre e altruísta da Mafalda?

i) A Mafalda não entende nada de futebol porque é Bambi. CHUPA BAMBI!

j) A Mafalda fica falando essas groselhas porque é Argentina, e todo mundo sabe que os argentinos se acham o próprio Che Guevara. CHUPA Hermanos!

k) Tudo isso é verdade, mas é verdade também que a Mafalda fala a verdade;

l) Defender a ideologia do pai acaba caindo num relativismo pós-moderno que é a principal ideologia hoje;

m) TODAS as anteriores.

Na verdade, eu adoro a Mafalda – quem que gosta de se considerar de esquerda consegue não gostar? Mas ela tem alguns fortes momentos de reacionarismo de esquerda – que é mais comum do que gostaríamos de admitir - que é preciso criticar. Como nessa outra tirinha aqui:
foto-tirinhas-mafalda-02

_Cala a boca, pivete! Não fosse essa mulher medíocre e frutrada, você não ia poder ficar brincando de revolucionária por aí.

Por outro lado, existem muitas outras tiras - a maioria – que demonstram uma sensibilidade crítica mais profunda:
foto-tirinhas-mafalda-10