quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Bate Forte o Tambor em RUSSO!

Efeitos perversos não previstos da globalização.

Eu queria ser o Zizek pra fazer uma análise desse vídeo maravilhoso! É uma coisa extraordinária realmente. Fico imaginando o que ele falaria dessa música brasileira, de um regionalismo pop bem mercadológico, sendo cantado em russo mas com um ritmo com ares caribenhos (aliás na origem já é uma mistura de toada do boi com algo que lembra a salsa e o merengue). E com a presença principal de ícones da cultura pop americana, o tio chico e a Morgana, numa relação amorosa complicada por conta das cinco gostosonas de Bikini, a simbolizar os trópicos. Um quiproquo interessantíssimo em que a cultura de massa americana se rende aos encantos do gingado latino americano (sem diferenciar américa do sul do caribe), ao mesmo tempo em que esse gingado se rende a estrutura da cultura americana. E a Russia no meio de tudo isso (o vocalista nerd descolado), se rendendo a ambos e promovendo a mistura exdrúxula. Alguem ainda duvida que o socialismo é impossível?

O video é hilário e uma obra prima da colagem pop mal feita.. tem até barulho de mar no meio daquela paisagem deserta, cheia de minas rebolando de bikini. Aliás, o cenário remete mesmo a um porto, com bóia e tudo o mais, porém o negócio fica parecendo um porto pós explosão atômica, em que até o mar foi evaporado. Seria uma leitura perversa e crítica, de exposição do grotesco e dos fantasmas inerentes a esse tipo de padronização, se não fosse um vídeo a sério. Da destruição das fronteiras transnacionais pela globalização surge esse resultado. O tio Chico encochando gostosonas latinas (não a toa coadjuvantes) guiados pela sonoridade world só compreensível para os russos. Mas não pense que não há vencedores. O formato é o do videoclipe padrão, desenvolvido e dominado pela MTV.

Assista:

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Ali Farka Touré




Ali Ibrahim “Farka” Touré (October 311939 – March 72006) nasceu no Mali. Era cantor e tocava guitarra, cabaça Njarka. Foi o primeiro grande Bluesman Africano reconhecido internacionamente. Era comum ser chamado de "John Lee Hooker africano". O próprio jurava de pé junto que não havia sofrido a influência da música afro-americana no seu estilo. Segundo ele, ele bebeu na mesma fonte que os bluesmen americanos...a música tradicional de seus antepassados





"Sua música é amplamente considerada como representando um ponto de intersecção da tradicional música de Mali e seu primo estado-unidense, oblues. A crença de que este último é, de fato, historicamente derivado da primeira, reflete-se nas freqüentes citações de Martin Scorsesecaracterizando a tradição de Touré como constituindo "o DNA do blues". Ele foi classificado como o número 76 dos "Cem Melhores Guitarristas de Todos os Tempos" pela revista de música Rolling Stone." 






E para escapar fedendo, deixo um disco para Download: Ali Farka Touré - Savane
e quem quiser baixar as capas [.jpg] : capas!



fontes e mais informações: http://en.wikipedia.org/wiki/Ali_Farka_Toure

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Tecedeira de Anjos


(dedicado a Voraz e Artista, este primeiro dejeto dramatúrgico)


Ninguém poderia explicar como tudo aconteceu. Só eu mesma acho que assim, consigo. A vida impõe certas necessidades, as gentes até avariam: de fome, de sede, de dor na alma – mas a alma passa e fica só a carne, pra depois apodrecer também junto com tudo. Eu era a irmã mais velha, sobrou-me a mim, e sozinha, a tarefa de fazer o serviço. Antes com os bichinhos era muito comum, sempre se fazia essas coisas, acho que pra não dar em desequilíbrio. Não sei. Minha família mesmo é que era grande e só crescia. Até hoje ouço o barulho de crianças dentro da minha cabeça. Constrangimento? Não, não tenho. Nem remorso tenho mais – de um jeito ou de outro é preciso sobreviver. A gente acaba se acostumando. A fome desgranhenta só aumentava junto com as famílias, nossa e dos visinhos, que também só cresciam. Sim... foram eles que ficaram, de primeiro, sabendo que a gente também acabara fazendo com os pequenos lá de casa como com os bichinhos. Mas tudo ficava meio velado na vizinhança. As coisas só mudaram mesmo quando eles, os do ao redor, vinham com um pouco de comida ou objetos de algum valor, pra trocar de igual com o crime íntimo e deles próprios, mas que nós nos submetíamos a executar. Ficou comum, virou rotina a contagem de nove meses de cada um. Teve época que sempre tinha alguém atravessando a cerca, chegando perto com os embrulhos no braço, deixando no chão o que era destinado ao pagamento e gritando no ouvido: “Quié que eu faço demônio?” eu esperava, olhava pros lado, agarrava o pacote de carne viva contra o peito, e disparava até a margem: “Ói, quando é assim eu não sei. Quando é cum gente eu não sei não, mas quando e gatinho nóis custuma afogá lá no riacho.” Alcunharam-me naqueles tempos Tecedeira de Anjos. Não cobrem ânimo dos serviços que tenho prestado, nem os julguem por dar adeus àqueles que não tiveram o privilégio de serem bem vindos.

domingo, 5 de outubro de 2008

Roberto Schwarz na FLIP (2007)

Eis aqui o homem - o intelectual de idéia fixa, Roberto Schwarz - na festa que reúne a maior concentração de intelectuais brasileiros e simpatizantes, e que por isso, traz a fina flor do risível e do desprezível intercalado a alguns bons momentos (como este) que não deixam de ser desprezíveis também a seu modo. O epíteto conferido ao homem, no caso, não é depreciativo, porque essa tal idéia é nada menos que a especificidade do modo de produção fora-de-lugar do capitalismo no brasil. E para um bom marxista, a produção é tudo.
E que ninguem venha me falar em reducionismo marxista. Pois se a primeira coisa que o cara coloca em seu trabalho sobre Machado é que as categorias centrais com que o marxismo opera (racionalidade produtiva, relação capital X trabalho, burguesia) não se aplicavam aqui, país colonial e dependente, e que por isso eram inoperantes para se apreender a estrutura machadiana, que atua por outra lógica. Sendo assim como afirmar então quer ele reduz o Machado à mero exemplo das teses de Marx? Será que o barbudão encarnou em algum terreiro que o Roberto frequentava?
E reducionismo sociologizante? Hmmmmm... basta comparar as interpretações finas e o olhar agudo de Roberto com a (boa) leitura de Raymundo Faoro em a pirâmide e o trapézio para se perceber a diferença entre uma crítica sociológica para uma crítica estética, ainda que de viés frankfurtiano, onde o formal ocupa primeiro plano. É por isso, aliás, que a leitura de Roberto se sustenta independentemente da moda literária do momento. É difícil contestar sua leitura, porque ainda não apareceu um leitor tão fino para as minúcia e contradições de Machado. Mesmo aqueles que apresentam novas interpretações (Pasta, Bosi, Helio Guimarães) antes complementam do que negam Roberto.
Mas uma coisa é certa: para o rei Roberto a função principal do literário (e da arte no geral) é tratar do mundo, formalizando determinados aspectos em forma estética, que os torna visíveis. E a boa arte o faz criticamente, ou ao menos de forma a expor as contradições sem maquiamento ideológico. A arte não escapa ao mundo, e nisso consiste seu valor. No que eu concordo plenamente... nada mais prejudicial à arte que a idéia de transcender e suplantar o mundo. A arte que nega sua inevitável relação com a história, ainda que negativamente, não serve de nada. Ou antes, serve, mas a quem?
Daí segue a tese mais radical já feita por um crítico cultural ou um intelectual brasileiro de modo geral, e que segue difuso nos trabalhos do judeu preto: a da insuficiência formal da literatura no país, revelada mesmo em seus melhores momentos. Uma incapacidade estrutural de dar forma a uma realidade caracterizada pela incapacidade de simbolização. Em outras palavras, as condições precárias para o desenvolimento da cultura dita erudita no país fazem com que esta seja estruturalmente frágil, confinada a um contexto parcial sem possibilidade de universalização. A alta cultura jamais será para todos (a não ser as que se constituem via cultura de massas, mas aí já não é mais "alta cultura" no sentido clássico, cujas formas tendem ao enfraquecimento e posterior desaparecimento, como acontece com todos os tipos de arte) ou includente. Como bem mostra Machado em seus romances sem escravos - a mais importante "classe" existente na sociedade brasileira oitocentista - o papel do literário (que se confunde com o papel histórico das elites nacionais, com seu papel formador) é excluir o pobre, a mulher, o preto, o índio, etc... Mesmo seus melhores momentos se constituem a partir dessa exclusão, conseguindo no máximo mostrar esse limite (essa fratura da totalidade) seja pela mímese crítica (Machado), seja pela transfiguração utópica (Guimarães). As condições de vida no Brasil são também limitação estética. O que não implica que aqui não se possa fazer literatura de qualidade, e altíssima - Machado é maior que quase todo realismo europeu, por exemplo - e sim que essa grande arte vai sempre se constituir a partir da exclusão, sem perspectiva de inclusão. A cultura não salvará os pobres da miséria, e a arte não é caminho para uma ordem social mais justa... ao contrário, se alimenta da injustiça, que é tambem o seu limite, pois inviabiliza uma obra organicamente íntegra.
Tais conclusões radicais de Roberto - o que mais incomoda em seu pensamento - servem de ponto de partida para se pensar (o movimento Chic pop está aí pra isso) a música popular, assim como os outros tipos de arte surgidas já no seio da chamada Industria Cultural, e em função desta, porque ela consegue superar os limites da representação literária, acabando em certo sentido por ocupar seu lugar como instrumento estético privilegiado de conhecimento e representação. Aí sim, o pavor dos marxistas, porque a canção supera a limitação estética sem superar as contradições históricas. Em termos fenomenológicos, porque o sujeito fraturado nacional que não cabe na representação literária a não ser negativamente (como o fez toda a arte moderna) é o ponto de partida da canção moderna (surgida da tensão canto x fala). Em termos concretos: pobre faz música, mas não escreve poesia. Em uma sociedade fraturada, em que a subjetiidade burguesa não se totaliza, o problema atinge todas as esferas da vida e se torna questão central, não apenas esteticamente.
EIS O VÍDEO:

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Candeia - repostagem




De novo os links de um dos maiores sambistas que já existiu nesse país.. capaz de compor melodias maravilhosas, poéticamente fascinantes e ainda tratar de temas sociais com uma competência lírica e dramática fora do comum.. candeia é um sinônimo de história do samba, também pelos seus altos conhecimentos no assunto... E sem mais, lá vai...

Guilherme Lamounier - repostagem




Atendendo a pedidos, ai vai novos links para os discos de Guilherme lamounier.. o branquelo afrancesado bom de swing... vale a pena especialemente o primeiro disco...

Discografia - mp3

Guilherme Lamounier (1970)
http://sharebee.com/fbb82174

Guilherme Lamounier (1973)
http://sharebee.com/ffd1e8ba

Guilherme Lamounier (1978)
http://sharebee.com/69831379

Singles/Trilhas 1971-1984
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