quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Nova música brasileira

De tempos em tempos (de 10 em 10 minutos – rs) eu sinto vontade de escutar coisas novas. O 'novo' aqui não diz respeito a inovação – tremenda ânsia pós-moderna - , mas sim 'a novidade' no sentido stricto da palavra: algo saindo do forno, e não necessariamente inédito em seu projeto e/ou forma. Tanto rogo por micro-inovação quanto macro-inovação estética, social, criativa, de distribuição, etc.
E por achar melhor escapar fedendo, deixarei aqui umas dicas de coisas que ouvi e julguei dignas de nota (para o bem ou para o mal). Separei por temas. Vamos lá:

A reinvenção da Música de SP.

PARA A MPB

Metá Metá (2011) – Disco com referências afro-brasileiras [detalhe: ele não tem percussões na gravação], muito bem acabado, e que foge um pouco da programação musical das novas gerações a la Trama. O que encanta mesmo para o paulistano aqui, exilado de São Paulo, sãos as referências ao circuito nortuno frequentado pela juventude de Sampa, que vive em torno da Augusta/ Santa Cecília em busca de vida cultural e/ou pura diversão.
Algumas letras sugerem Luiz Tatit, outras Miguel Wisnik. A bela voz da Juçara Marçal sugere Ná Ozzetti... mas sem a afetação que por exemplo vejo na Tulipa Ruiz. Alguns graves na voz dela me cheiram a Elis Regina. Belo violão do Kiko Dinucci e sax magistralmente laçado nas músicas de Thiago França. Na minha humilde opinião, é o melhor disco de MPB dos últimos tempos. Fica a dica, um youtube e o link do disco para baixar.


PARA O RAP

Criolo – É o nosso velho Criolo Doido, rapper do circuito baixo Augusta e Largo do Arouche, que, agora com Nó na Orelha (2011) [lançado em vinil], produzido pelo GÊNIO Daniel Ganjaman, se engaja em um RAP mais lírico, com temas leves e divertidos sobre a Paulicéia Desvairada que agradam a Juventude Classe Média da cidade. É só eu escutar, que lembro da patota da vila onde cresci, sempre muito animada e tiradora de onda. Três vezes ele, ao invés do Marcelo D2, que já cansou um pouquinho [eufemismo]. Mas para aqueles que procuram algum discurso mais social ou periférico, não recomendo. Para fãs do velho rap engajado, o melhor é ir de Gog [clique para ouvir as músicas] ou de Ricon Sapiência [esse último faz música divertida e relax, sem perder o tom da perifa - como por exemplo em Elegância]. Fica o Papo, A dica e os caras que comentei para baixar.

Rock e Inovação

VINDO DO RIO

Momo – É um desses artistas que a gente não sabe explicar porque não é super famoso. Tem música bem feita e autêntica, letras envolventes e poéticas e todos os seus discos são bem acabados. Talvez, sua genialidade aponte para outro lado. O lado do público fiel e pequeno. Seu primeiro disco, A Estética do Rabisco (2006) caiu na graça da Crítica. O segundo, Buscador (2008), é uma obra prima. Seu folk psicodélico em nada fica atrás das suas claras referências do clube da esquina. Agora, Momo apresenta seu novo trabalho, Serenade of a Sailor (2011), que encanta com sua simplicidade e 'sentimentos a flor da pele'. Fica a dica, os links dos primeiros discos e o soundclaud do disco de 2011.



VINDO DE SAMPA

Chankas – Depois de Mario Cappi guitarrista do Hurtmold lançar seu trabalho solo experimental MDM (2010), chega a vez de Fernando Cappi, o genial multi-instrumentista também do Hurtmold, de atacar com seu novo trabalho solo Chankas (2010), trabalho esse recheado de Lirísmo e esperimentalismo. Nota para a faixa Amolador, faixa que aproveita como Sample a incidental passagem de um Amolador de facas e tesouras em um dos momentos em que o disco estava sendo produzido.




Reinventando a tradição

E NO SÉTIMO DIA, DEUS SAMBOU...

Douglas Germano resgate do samba na terra da garoa. Douglas Germano, conhecido nos pagodes DA VIDA como um dos grandes expoentes da nova geração de sambistas de Sampa, ataca com seu novo trabalho Orí (2011), onde faz um belo samba de roda que cheira a São Paulo... e com certeza o gosto é de Vila Matilde (Lugar onde nasci e me criei). Nota para a genial composição de Falha Humana, onde os versos “Zé cometeu falha humana, ou foi raça humana que falhou com Zé” evidenciam a tendência [eufemismo de novo] no nosso mundo de que, se algo acontece de errado, a culpa caí sobre a ponta mais fraca do laço, que no caso sempre é o pobre, a pessoa humilde, o 'desinformado', etc.



AMANHECEU PEGUEI A VIOLA... E OS PEDAIS DE EFEITO.

Rodrigo Caçapa – descendente da tradição de cordas populares que podemos remeter a Orquestra de Cordas Dedilhadas de Pernmbuco, onde temos nomes como Henrique Annes, ou quem sabe indo mais fundo aos projetos Armoriais (de por exemplo Antônio Nóbrega), eletrifica sua viola para criar uma sonoridade moderna [acertou em cheio] e cria um disco instrumental “Elefantes na Rua Nova (2011)” baseando suas faixas em nomes de ritmos comuns à viola. Ótimo trilha sonora para uma cerveja entre amigos.
Vídeo do Rodrigo falando sobre a viola e modernidade do universo da cidade:
Rodrigo no Violeiros do Brasil 2011:


É melhor escapar fedendo do que morrer cheiroso! Fica a dica.