terça-feira, 25 de novembro de 2008

O mistério de Pantanal (homenagem a linda Bianca)


Para aqueles que de fato mudam de canal e assistem Pantanal, de Benedito Ruy Barbosa, uma boa notícia. Foi lançado o livro “Pantanal – a invenção da Telenovela”, de Arlindo Machado e Beatriz Becker, que procura esclarecer as razões de seu sucesso, a partir da análise das inovações que foram por ela introduzidas. Confesso que ainda não assisti a novela inteira, mas como sempre me interesso por análises de objetos de cultura de massa que procuram compreende-los de fato sem partir de conceitos negativos pré-estabelecidos, fiquei curioso para ler o livro. É possível sim fazer arte para as massas, com qualidade, senso crítico, inovação estética, sensibilidade e o que quer que seja. Algumas das principais características apontadas pelos críticos, responsáveis pelo sucesso da novela são:

A linguagem :
A meu ver a característica mais importante, e que é a primeira coisa que chama a atenção, pelo menos nos capítulos que assisti. Trazia influência do cinema, com planos mais abertos, cortes lentos, enquanto a maioria das novelas usavam closes e tinham cortes rápidos. As cenas de Pantanal eram longas e tinha tempo para o silêncio, deixando em evidência a paisagem, com seus sons e seus ruídos. O espaço se torna fundamental também uma personagem, o que é fundamental para se entrar no clima da história.

O tema:
Creio que esse ponto não apresenta grandes inovações. Desde o Romantismo já se explora o embate entre rural e urbano, questionando-se conceitos de progresso, riqueza, ascensão social e individualismo, e apresentando uma região idílica como ponto de fuga para o pesadelo da realidade. Ainda assim, na época, a maioria esmagadora das novelas eram ambientadas no centro urbano.

Sexo:
A novela se aproveitou da recente abertura política para explorar cenas ousadas de sexo e nudez, o que influenciou todas as redes posteriormente.
Personagens: Fugia do maniqueísmo e evitava os clichês de vilão e mocinho. Seus personagens eram mais complexos que a média das telenovelas.

Elenco:
Por ser de uma emissora jovem (a Rede Globo não acreditava no projeto), não podia contar com grandes estrelas, lançando assim uma série de atores ainda desconhecidos.
Não posso deixar de comentar sobre o oportunismo malandro dos autores do livro, aproveitando-se do novo sucesso da novela para também descolar algum dindin. Mas isso de fato não importa, e o único problema é que a idéia não foi minha, ou não foi encomendada para mim.

Além disso, tem uma notícia melhor ainda. Esse estudo faz parte de uma série sobre alguns marcos da televisão, e os próximos livros que irão sair vão ser sobre o Chacrinha, Betty, a feia e o magistral, fabuloso, extraordinário, sem precedentes Chaves!!! Esse eu não perco.

fonte: Folha de São Paulo, 23\11\2008

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