sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Di Melo - Vivo!

Faz um tempo o antológico disco do Di Melo, de 1975, foi postado aqui no blog. Fiquei com raiva, porque eu queria ter sido o responsável pelo post.
Passados alguns anos, reaparece o dito cujo. E pasmem! Não está morto. Meio gordo e com a voz meio cansada, mas vivo.

Então, pra comemorar essa notícia impressionante e pra interromper essa sequência de posts cabeçudos, aproveito e posto essa pérola.
É o Di Melo ao vivo no festival de inverno de Garanhuns, no ano passado.

O disco já apareceu em outros blogs, mas em um arquivo único. Tive o trabalho de separar as faixas, dar nome a cada uma delas e criar uma capinha para o disco. O legal é que tem algumas músicas novas.

divirtam-se, que esse vale a pena.
http://www.mediafire.com/?wymoyemm5n2

8 comentários:

  1. Como meu último comentário ficou no vazio, sinto-me livre para tecer uma crítica mais séria sobre o site, do ponto de vista uspiano.
    1ªparte:
    Em primeiro lugar, gostei muito do estilo empregado, que foge ao academicismo ao mesclar todo tipo de registros e, provar, de quebra, que não perde em coerência por isso. E o que se ganha? Bom, ganha-se em comunicabilidade, agilidade e clareza. E o que se perde? Perde-se a própria crítica, tida como instrumento elitista e acadêmico, erro que já foi apontado por Horkheimer em “Teoria tradicional e teoria crítica”. Adorno e, acreditem ou não, o próprio Benjamin, já foram acusados da mesma coisa. Contudo, para não cometer injustiças, vamos ao próprio texto, evitando conclusões precipitadas.
    O autor do texto sobre a polêmica Chico-Caetano começa com as devidas ressalvas e ponderações. Em seguida, indica que a polêmica verdadeira é Chico – Roberto, mas que ele optará a primeira, por ser reveladora de uma cisão mais profunda. Contudo, algumas linhas antes, outro fora o motivo elegido: o exercício argumentativo. Temos então uma primeira tensão entre dois movimentos contrários que atravessam o texto. Por um lado, o compromisso crítico que é e sempre foi o apego à verdade, em todas as suas acepções. Do outro, o malabarismo retórico, para o qual importa mais o desenho do pensamento, o embaralhamento sistemático dos conteúdos do que o desvelamento de “uma” verdade, como fica explícito no trecho:

    “Posso dizer inclusive que começa daí minha admiração: o esforço mental exigido para se posicionar pró Caetano é, pela própria natureza do objeto, muito maior.”

    “Na verdade, a razão mais profunda para esse debate ser tão animado é que no fundo ele é bem menos radical do que parece a princípio.”

    Na continuação do texto, o outro motivo alegado. Dessa vez, um motivo crítico e, por assim dizer, tradicional:

    “O que não quer dizer que Chico x Caetano não seja uma polêmica reveladora, pelo contrário. Apenas oculta uma questão muito mais complexa e perigosa, que implica em colocar Robertão e Chico num mesmo patamar.”


    A polêmica então aparece como instrumento de crítica, pois é dotada de capacidade “reveladora”. A “questão muito mais complexa e perigosa” fica adiada para o segundo texto, esse sim digno de comentários mais cuidadosos, já que o primeiro texto versa mais sobre o aspecto formal da questão: Caetano quebrou a narratividade do Samba. O argumento é fundamentado em dados objetivos, mas não diz a que serviu essa “quebra do tom narrativo”. Ainda sobre a argumentação “formal” (não sou quem diz isso, é o próprio autor) o autor define as músicas tropicalistas de Caetano como “explanações teóricas”. Nisso discordo, pois uma explanação teórica exige outros pressupostos que os de uma canção, como: verificabilidade empírica, rigor conceitual, adesão ao objeto, etc. (com imensas variações dentro de cada gênero). É preciso, como ensina Bakhtin, considerar o “contexto de enunciação”. O que Caetano parece realizar em suas músicas é um “chiste”, uma paródia do discurso teórico, que entra como fragmento da montagem tropicalista – tomá-lo como a “coisa” mesma origina, como se vê, alguns equívocos.

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  2. Como meu último comentário ficou no vazio, sinto-me livre para tecer uma crítica mais séria sobre o site, do ponto de vista uspiano.
    1ªparte:
    Em primeiro lugar, gostei muito do estilo empregado, que foge ao academicismo ao mesclar todo tipo de registros e, provar, de quebra, que não perde em coerência por isso. E o que se ganha? Bom, ganha-se em comunicabilidade, agilidade e clareza. E o que se perde? Perde-se a própria crítica, tida como instrumento elitista e acadêmico, erro que já foi apontado por Horkheimer em “Teoria tradicional e teoria crítica”. Adorno e, acreditem ou não, o próprio Benjamin, já foram acusados da mesma coisa. Contudo, para não cometer injustiças, vamos ao próprio texto, evitando conclusões precipitadas.
    O autor do texto sobre a polêmica Chico-Caetano começa com as devidas ressalvas e ponderações. Em seguida, indica que a polêmica verdadeira é Chico – Roberto, mas que ele optará a primeira, por ser reveladora de uma cisão mais profunda. Contudo, algumas linhas antes, outro fora o motivo elegido: o exercício argumentativo. Temos então uma primeira tensão entre dois movimentos contrários que atravessam o texto. Por um lado, o compromisso crítico que é e sempre foi o apego à verdade, em todas as suas acepções. Do outro, o malabarismo retórico, para o qual importa mais o desenho do pensamento, o embaralhamento sistemático dos conteúdos do que o desvelamento de “uma” verdade, como fica explícito no trecho:

    “Posso dizer inclusive que começa daí minha admiração: o esforço mental exigido para se posicionar pró Caetano é, pela própria natureza do objeto, muito maior.”

    “Na verdade, a razão mais profunda para esse debate ser tão animado é que no fundo ele é bem menos radical do que parece a princípio.”

    Na continuação do texto, o outro motivo alegado. Dessa vez, um motivo crítico e, por assim dizer, tradicional:

    “O que não quer dizer que Chico x Caetano não seja uma polêmica reveladora, pelo contrário. Apenas oculta uma questão muito mais complexa e perigosa, que implica em colocar Robertão e Chico num mesmo patamar.”


    A polêmica então aparece como instrumento de crítica, pois é dotada de capacidade “reveladora”. A “questão muito mais complexa e perigosa” fica adiada para o segundo texto, esse sim digno de comentários mais cuidadosos, já que o primeiro texto versa mais sobre o aspecto formal da questão: Caetano quebrou a narratividade do Samba. O argumento é fundamentado em dados objetivos, mas não diz a que serviu essa “quebra do tom narrativo”. Ainda sobre a argumentação “formal” (não sou quem diz isso, é o próprio autor) o autor define as músicas tropicalistas de Caetano como “explanações teóricas”. Nisso discordo, pois uma explanação teórica exige outros pressupostos que os de uma canção, como: verificabilidade empírica, rigor conceitual, adesão ao objeto, etc. (com imensas variações dentro de cada gênero). É preciso, como ensina Bakhtin, considerar o “contexto de enunciação”. O que Caetano parece realizar em suas músicas é um “chiste”, uma paródia do discurso teórico, que entra como fragmento da montagem tropicalista – tomá-lo como a “coisa” mesma origina, como se vê, alguns equívocos.

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  3. 2ªparte:
    A polêmica então aparece como instrumento de crítica, pois é dotada de capacidade “reveladora”. A “questão muito mais complexa e perigosa” fica adiada para o segundo texto, esse sim digno de comentários mais cuidadosos, já que o primeiro texto versa mais sobre o aspecto formal da questão: Caetano quebrou a narratividade do Samba. O argumento é fundamentado em dados objetivos, mas não diz a que serviu essa “quebra do tom narrativo”. Ainda sobre a argumentação “formal” (não sou quem diz isso, é o próprio autor) o autor define as músicas tropicalistas de Caetano como “explanações teóricas”. Nisso discordo, pois uma explanação teórica exige outros pressupostos que os de uma canção, como: verificabilidade empírica, rigor conceitual, adesão ao objeto, etc. (com imensas variações dentro de cada gênero). É preciso, como ensina Bakhtin, considerar o “contexto de enunciação”. O que Caetano parece realizar em suas músicas é um “chiste”, uma paródia do discurso teórico, que entra como fragmento da montagem tropicalista – tomá-lo como a “coisa” mesma origina, como se vê, alguns equívocos.
    A continuação do texto por vezes escorrega em argumentos genéricos, que por vezes perdem o rigor, como é o caso da afirmação: “Já o projeto de Caetano sempre foi o de fazer música de hoje.” Ora, o que devemos entender como “fazer música de hoje”? em primeiro lugar, a confusão entre o verbo “ir” no pretérito perfeito e o advérbio “hoje” gera algumas ambigüidades: Caetano queira fazer em 68 a música de hoje (2009)? Ou fazer sempre música atual? Nesse caso, que, presumo, seja o pretendido, o que significa “atual”? Afinal, hoje se executa todo tipo de música. Existe inclusive um mercado de música clássica vasto, tão pedante quanto lucrativo. Temos também a música eletroacústica, com seu público reduzido e aficionado. Fora esse intróito um pouco nebuloso, o texto termina por colocar uma questão fundamental:

    “Já o projeto de Caetano sempre foi o de fazer música de hoje. Em comum entre ambos a busca por se criar música de qualidade – critério que é preciso definir, pois se trata menos de juízo de valor estético do que certo procedimento formal. Porém o lugar onde os dois procuram estabelecer esse critério de gosto marca uma ruptura radical de postura. Cae já compôs metal, musica indie, blues, reggae, axé (dizem as más línguas inclusive que foi ele quem o inventou), música concreta, samba de roda, hip hop, música brega, e já se apropriou de outros tantos gêneros, como o funk carioca. Isso sem falar de sua especialidade, que é o de misturar os registros. Sua postura estética é muito mais ousada, o que o torna a meu ver um compositor bem mais interessante, mesmo quando Chico – cultor do belo - consegue criar canções de acabamento formal perfeito. Do ruído também se faz arte.”

    Agora, de modo bem mais explícito, vem à tona o argumento do autor: Caetano é “ousado”, e isso basta para torná-lo bem mais interessante do que Chico, espécie de Olavo Bilac tardio. Gôsto pela polêmica como critério valorativo. Bom, se quisesse ser polêmico, eu diria que Reinaldo de Azevedo e Diogo Mainard é que são polêmicos, mas tentarei desenvolver em chave mais sóbria.
    Não há nada de novo em eleger-se a polêmica como finalidade da boa construção discursiva: a ágil escola sofística já o fizera com mais eficácia. Contudo, nesse ponto discordo mais das concepções do autor do que da continuação do texto, onde se torna evidente a indistinção entre cultura popular e indústria cultural, como se uma fosse sinônimo da outra e não paradigma de toda a cultura, tanto a baixa quanto a alta – distinção que ela, aliás, torna obsoleta.

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  4. 3ªparte - O que preocupa mais é a eleição do projeto tropicalista “hoje”, anacronismo que leva o autor a ignorar as resoluções históricas que o inviabilizaram. O gosto pela polêmica, que emana do próprio objeto “Caetano”, faz às vezes de princípio formal de todo o “blog”, então o texto se torna abertamente tropicalista, como se estivéssemos em 68, com Gilberto Freire descobrindo a antropologia brasileira. No texto “o samba virou música clássica”, por exemplo, após uma crítica muito acertada de como a intérprete Mônica Salmaso conseguiu tirar toda a graça de um samba de Donga, o autor se vê obrigado a aderir ao pólo oposto, no trecho que se lê a seguir:

    “É o Tchan pôs sustagem no samba e o fez voltar às paradas de sucesso em 1994 e 1995. As letras podem não ser tão boas quanto as de Cartola ou Noel. Mas preste atenção nisto, e cante comigo, pessoal: "Bota mão no joelho/ e dá uma baixadinha/ Vai mexendo gostoso, balançando a bundinha/ Agora mexe/ Mexe, mexe, mainha/ Agora mexe, mexe,/mexe, loirinha/ Agora mexe, mexe/mexe, neguinha/ Agora Mexe/Balançando a poupancinha". Isso é puro Duchamp, puro Dadá. É a falocracia racial sonhada por Gilberto Freyre. Compadre Washington desconsiderou a história do samba para alívio deste. E o samba voltou a sentir prazer e a ejacular. Era o que o velho queria, retornar à juventude e a encantar as menininhas numa micareta eterna.”

    Entre é o Tchan e Mônica Salmaso escolho a terceira opção, aquela que não foi formulada. Diante de duas opções falsas é preciso refazer o caminho percorrido dos fenômenos aos conceitos e não apenas aceitar umas das opções. Isso é rigor crítico, isso é apego à verdade, mesmo que desagradável e impopular. É o Tchan não é dadá e nem Duchamp; é dadá e Duchamp reapropriados pelo mercado e colocados na prateleira “MPB”. Quanto à “ejaculação”, ela é hoje imperativo, e a “carnavalização”, ideologia oficial. Para ser acadêmico, poderia citar alguns autores que falam atualmente na presença de um “imperativo do gozo” regulando as sociedades atuais. Claro, trata-se de um assunto complexo, que exige uma discussão mais apurada do que essa, mas que ajuda a explicar, por exemplo, o desaparecimento das lutas políticas e o narcisismo consumista que tomou conta dos indivíduos. Os “blogs”, espaços vituais público-privados, estão indiretamente ligados a esse fenômeno.
    No segundo texto, contudo, o autor joga as cartas na mesa, e afirma uma “positividade” oculta na indústria cultural (positividade que o autor afirma de modo esotérico, citando nomes como Beatles, Odair José e Vicente Celestino). A elite universitária é chamada de elitista (com seu projeto marxista “mitológico”) e, em seu lugar, coloca-se a elite de fato, que adotava a jovem guarda como bandeira, e aplaudia os artistas que batiam continência na TV.

    “A figura do malandro exaltada por Chico em suas letras, já era bem raro mesmo nos morros cariocas, assim como os pobres de fato estavam em grande parte mais interessados na novidade representada por Roberto Carlos, em boleros e em musica brega, (Maysa, Agnaldo Timóteo e Rayol, Odair José, esses sim os grandes vendedores de disco da época) do que em samba canção aos moldes de Noel. O popular evocado por Chico e, principalmente, por seus seguidores, é já uma concepção higienizada que afasta o mau cheiro que inevitavelmente exala a pobreza.”

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  5. 4ªparte: A Jovem Guarda e a música brega de fato ganharam adesão popular, mas não há nada de espontâneo aí. Pelo contrário, muito dinheiro foi investido nisso. Para uma análise mais detida, recomendo a leitura do blog “palavrademusico.blogspot.com”. Quanto ao mau cheiro que exala a pobreza, não me recordo nenhuma música do Roberto ou mesmo do Caetano que tematize o assunto.
    A crítica à Bossa Nova é primária: consiste em comparar João Gilberto a Chet Baker e em denunciá-la como importadora de formas artísticas, como Carlinhos Lira fizera na música “influência do Jazz”, cantando: “pobre samba meu/ foi se misturando se modernizando e se perdeu/ e o rebolado cadê não tem mais/ cadê o tal gingado pra frente e pra trás/ coitado do meu samba ficou meio morto/ influência do Jazz”. Ora, a Bossa Nova me parece algo bem diverso do jazz, suas origens parecem remontar à obra de compositores brasileiros como “Garoto” (basta analisar rítmica e harmonicamente músicas como “tristezas de um violão” e mesmo Villa-Lobos, em algumas de suas composições nacionalistas. Há até bibliografia sobre o assunto, que durante muito tempo foi colocado sobre essa carapuça. Que, aliás, não servia.
    Quanto à positividade da indústria cultural, ela não comparece no texto senão como slogan, “deus ex machina”. Mas isso seria exigir do autor rigor crítico, apego à verdade, pressupostos que ele não reivindicou. Seria tolo dizer que a Indústria Cultural no Brasil não fez mais do que garantir consumidores passivos que assistem às imagens de si mesmos, ignorando o aparato tecnológico que cria essa imagem, que ela, enfim produziu despolitização e “alienação” no mais alto grau, como demonstrou Debord. O texto não considera essa crítica marxista de fundo “mitológico”, pois essa é uma crítica que se ancora num conteúdo extra-textual (as contradições objetivas), ou seja, que confunde as “palavras” com as “coisas”. Pelo menos é esse o ponto mais alto do texto, seu desconstrutivismo de matriz relativita. É claro que então seria preciso cobrá-lo pela própria palavra: o argumento sobre o “elitismo”, por exemplo, torna-se pura finta.
    À guisa de conclusão diria que entre Chico e Caetano fico com Tom Zé, cujas tentativas de salvar o teor utópico do projeto tropicalista levaram a sucessivos fracassos e a constantes reformulações. Entre o sucesso de Caetano e o elitismo de Chico, fico com o fracasso de Tom Zé, que parece não saber se elogia ou despreza o funk carioca. Em vez de esconder as contradições a atitude de Tom Zé as evidencia. Fecho com ele, por enquanto.

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  6. Meninos
    Vcs já viram isto?

    Uma pérola do cancioneiro...

    http://www.youtube.com/watch?v=7heIXk8VxaA

    Beijos

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