quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Esquece - Marcelino Freire


Saca só esse texto do Marcelino Freire, em homenagem aos protestos de Luciano Hulk ao ter seu relógio roubado.


ESQUECE

Violência é o carrão parar em cima do pé da gente e fechar a janela de vidro fumê e a gente nem ter a chance de ver a cara do palhaço de gravata para não perder a hora ele olha o tempo perdido no rolex dourado.

Violência é a gente naquele sol e o cara dentro do ar-condicionado uma duas três horas quatro esperando uma melhor oportunidade de a gente enfiar o revólver na cara do cara plac.

Violência é ele ficar assustado porque a gente é negro ou porque a gente chega assim nervoso a ponto de bala cuspindo gritando que ele passe a carteira e passe o relógio enquanto as bocas buzinam desesperadas.

Violência são essas buzinadas e essa fumaça e o trânsito parado e o outro carro que não entende que se dependesse da gente o roubo não demoraria essa eternidade atrapalhando o movimento da cidade.

Violência é você pensar que tudo deu certo e nada deu certo porque quando você vê tem um policial ali perto e outro policial ali perto querendo salvar o patrimônio do bacana apontando para a nossa cabeça um 38 e outro 38 à paisana.

Violência é acabarem com a nossa esperança de chegar lá no barraco e beijar as crianças e ligar a televisão e ver aquela mesma discussão ladrão que rouba ladrão a aprovação do mínimo ficou para a próxima semana.

Violência é a gente ficar com a mão levantada cabeça baixa em frente à multidão e depois entrar no camburão roxo de humilhação e pancada e chegar na delegacia e o cara puxar a nossa ficha corrida e dizer que vai acabar outra vez com a nossa vida.

Violência é a gente receber tapa na cara e na bunda quando socam a gente naquela cela imunda cheia de gente e mais gente e mais gente e mais gente pensando como seria bom ter um carrão do ano e aquele relógio rolex mas isso fica para depois uma outra hora.

Esquece.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Tokyo Ska Paradise Orchestra




Fundada em 1985 pelo percussionista Asa-Chang a Tokyo Ska Paradise Orchestra também conhecida como "Skapara" inicialmente foi formada por veteranos da cena underground de Tokyo. 22 anos depois a banda continua na ativa e conta com 10 músicos em seu cast, mas nenhum deles fez parte da formação original. Esse é o legal do grupo, os músicos vão se reciclando mas as músicas se mantém passando de geração para geração. Pra quem é antenado em Ska, com certeza já deve ter ouvido falar destes japas, é incrível como eles são 'super Stars' no Oriente (reparem nos videos abaixo o público dos shows deles!)











E pra quem prefere escapar fedendo, deixo link da discografia quase completa para download ...valhe a pena baixar [o link que eu achei está dividido por discos, e o download deve ser feito de música por múcisa, masa vantagem é que esse fichário 'nunca' saiu do ar ou foi perdido - coisa comum dos algumacoisaSHARE da vida]:
http://mystzik4.free.fr/TSPO/

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Coeção Noel Pela Primeira Vez - Box com 14 cds

Coloco aqui esse maravilhoso trabalho de pesquisa sobre um de nossos maiores sambistas, e provavelmente o que mais contribuiu para fixar no imaginário nacional a concepção vigente até hoje do que representa o gênero. A malandragem em sua feição mais perfeita - a canalhice, o lirismo boêmio, o borramento da distinção de classes - tudo magistralmente acabado no poetinha da Vila. Vale a pena ter tudo, mesmo que só pra ouvir daqui a 20 anos.



Noel Rosa completo, pela primeira vez
Depois de um colossal trabalho de pesquisa e restauração sonora, professor paulistano de biologia reúne toda a obra do Poeta da Vila em uma caixa com 14 CDs

Carlos Calado
17/11/2000

Um objeto de desejo para qualquer apreciador da música popular brasileira chega ao mercado na próxima semana. A caixa Noel Pela Primeira Vez (lançamento da Funarte com a gravadora Velas) reúne em 14 CDs a obra integral de Noel Rosa (1910-1937), que estaria completando 90 anos de idade no próximo dia 11. Nas 229 faixas dessa ambiciosa edição, o ouvinte terá acesso a todas as primeiras gravações das composições que o Poeta da Vila escreveu durante seus breves seis anos de atividade musical. “Entre outros grandes compositores, como Ary Barroso e Lamartine Babo, Noel sempre chamou mais minha atenção por ser um artista multifacetado. Ele fazia suas sátiras e suas crônicas sempre com a mesma seriedade, por mais banal e simples que suas composições pudessem parecer”, diz Omar Jubran, o pesquisador e professor de biologia paulistano, que passou 11 anos procurando, recuperando e remasterizando as gravações incluídas nessa edição.

“Noel foi o grande inovador de nossa lírica, o primeiro a mostrar que tudo (fome, miséria, mentira, futebol, jogo do bicho, assassinato, roubo, prostituição, homossexualismo, bebida, política, corrupção) podia ser convertido em letra de música”, observa João Máximo, biógrafo do compositor, no texto de abertura do livreto de 160 páginas, que faz parte da caixa, incluindo todas as letras das canções e fichas técnicas das gravações. As canções foram organizadas em ordem cronológica, opção que permite acompanhar a evolução de Noel como compositor.

Da temática sertaneja de composições como a toada Festa no Céu e a embolada Minha Viola (ambas compostas em 1929 e gravadas pelo próprio autor), passa-se ao encanto de Noel pelos negros do morro, flagrado em sambas como Mulato Bamba (1931), até se chegar a seus sambas mais elaborados, como Último Desejo (1937). Além do próprio compositor, que pode ser ouvido em dezenas de faixas, assim como Aracy de Almeida (sua intérprete favorita), outros cantores notáveis se sucedem, como Silvio Caldas, Francisco Alves, Mário Reis, Carmen Miranda, Aurora Miranda, Marília Baptista, Elizeth Cardoso, João Nogueira e Jamelão. Gravações mais recentes, realizadas na última década, destacam ainda Vânia Bastos, Ná Ozzetti e Johnny Alf.

Omar Jubran conta que seu interesse por Noel foi despertado durante sua infância, entre os anos 50 e 60. “A gente ainda não tinha TV em casa e eu ficava ouvindo rádio, que naquela época era muito mais segmentado do que é hoje. Havia várias emissoras que tocavam compositores mais antigos da música brasileira”, recorda o pesquisador, hoje com 47 anos.

Dono de uma grande discoteca (atualmente com cerca de 15 mil títulos, entre 78 rotações, LPs, compactos e CDs de vários gêneros musicais), Jubran resolveu organizá-la pela primeira vez, em 1987, época em decidiu investir mais em sua já vasta coleção de gravações do Poeta da Vila. O lançamento do livro Noel Rosa – Uma Biografia, de João Máximo e Carlos Didier, foi fundamental para que ele desse seqüência à pesquisa. “Além de ser um livro diferente, por causa de seu rigor científico, ele trazia uma relação completa de todas as composições do Noel. Resolvi checar quantas eu tinha e percebi que já possuía 70% desse material. Virou ponto de honra para mim conseguir o que faltava”, recorda.

Cooperativa
Em meio à pesquisa, Jubran começou a se interessar por equipamentos de áudio que permitissem recuperar gravações em estado precário. Investiu nesses aparelhos, até que seu saldo bancário entrasse no vermelho. “Eu ficava chateado. Toda vez que saía algum novo CD de Noel eram sempre as mesmas músicas: Três Apitos, Feitiço da Vila e coisas assim. Decidi entrar de cabeça nisso, mas esses softwares de recuperação sonora são muito caros. Cheguei a vender um carro, em 93, mas mesmo assim não consegui o dinheiro suficiente”, relembra. A solução foi procurar uma roda de amigos e propôr a eles que comprassem a coleção de Noel antecipadamente, para ajudá-lo a prosseguir. “Achei oito doidos que confiaram em mim, na verdade, pagando o preço de duas coleções para receberem apenas uma, num prazo que eu nem mesmo poderia precisar qual seria”, conta.

Junto com os CDs, a caixa traz um livreto de 160 páginas
Para reunir as gravações que faltavam, Jubran teve que viajar por várias cidades dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. As gravações mais difíceis de conseguir (já não se lembra exatamente quais eram) pertenciam a um renitente colecionador do sul de Minas, que teve de ser “amaciado” aos poucos, com muita paciência. “Ao telefone, ele me disse que tinha os discos, mas que eu não iria ouvi-los, nem mesmo ver de que cor eles eram”, relembra.

Delicada também foi a operação para recuperar um 78 rotações que recebeu quebrado em três pedaços. Depois de colá-los, com o auxílio de uma lupa e um estilete, eliminou o excesso de adesivo. “Tive muita sorte porque os sulcos coincidiram”, festeja, calculando que gastou cerca de 50 horas de trabalho, só para eliminar os ruídos produzidos pelas emendas. O resultado ficou tão bom que Jubran recusa-se a revelar que faixa é essa, desafiando seus amigos técnicos de gravação a descobri-la. Seu preciosismo levou-o até a ficar em dúvida quanto a incluir na caixa algumas canções que o grupo espírita Aquarius afirma terem sido psicografadas por Noel. “Com todo respeito, decidi ficar apenas no plano material”, conclui.

Em janeiro de 1998, o trabalho de pesquisa, restauração e remasterização de todo o material estava terminado. Depois que as primeiras notícias chegaram à imprensa, o telefone de Jubran tocou bastante. “Fui procurado até por repórteres interessadas em entrevistar Noel Rosa”, diverte-se. Mesmo assim, só conseguiu fechar o contrato de edição com a Funarte e o Ministério de Cultura depois de procurar vários órgãos federais e estaduais de cultura. Entre vários absurdos, chegou a ouvir a sugestão de que fizesse somente uma compilação com as “melhores” faixas. Difícil também foi o processo para conseguir as permissões de todos os intérpretes e parceiros de Noel ou de seus herdeiros – trabalho coordenado por Luiz Pedreira, que se arrastou por mais de um ano. “Fiquei muito agradecido ao Vitor Martins, da Velas, que apoiou minha idéia de não subtrair nenhuma faixa da coleção”, reconhece.

Jubran ainda leciona Biologia, atualmente, num colégio particular de São Paulo. Dizendo-se desiludido com a situação da educação no país, espera que a repercussão desse trabalho o ajude a viabilizar outros projetos semelhantes, como reunir as obras completas de Ary Barroso, Lamartine Babo e Adoniran Barbosa, já engatilhados. “Praticamente já tenho todas essas gravações”, revela. Outro projeto, com o título provisório de Carnaval do século XX, reuniria músicas de carnaval compostas entre 1899, ano em que Chiquinha Gonzaga compôs a pioneira Abre-Alas, e meados dos anos 70, época em que compositores deixaram de criar para o carnaval. “A idéia é incluir 15 ou 20 marchinhas importantes, ano por ano, e fazer uma análise de todas elas, localizando o momento histórico. Já consegui quase três mil músicas”, calcula o pesquisador.

Fonte: blog sombarato

Download: Noel Rosa - Pela Primeira Vez - Cd 1 [2000] Noel Rosa - Pela Primeira Vez - Cd 2 [2000]
Noel Rosa - Pela Primeira Vez - Cd 3 [2000]
Noel Rosa - Pela Primeira Vez - Cd 4 [2000]
Noel Rosa - Pela Primeira Vez - Cd 5 [2000]Noel Rosa - Pela Primeira Vez - Cd 6 [2000]
Noel Rosa - Pela Primeira Vez - Cd 7 [2000]Noel Rosa - Pela Primeira Vez - Cd 8 [2000] Noel Rosa - Pela Primeira Vez - Cd 9 [2000] Noel Rosa - Pela Primeira Vez - Cd 10 [2000] Noel Rosa - Pela Primeira Vez - Cd 11 [2000]Noel Rosa - Pela Primeira Vez - Cd 12 [2000]Noel Rosa - Pela Primeira Vez - Cd 13 [2000]
Noel Rosa - Pela Primeira Vez - Cd 14 [2000]

terça-feira, 2 de outubro de 2007

10 Razões Porque Mim Adora Borat


Boa Noite.
Eu gosto sexo... Good!
1) O princípio em que se sustenta o filme é realmente muito bom – como as pessoas reagem quando caí a máscara do politicamente correto e elas vêem-se obrigadas a se confrontar diretamente com a materialização de seus preconceitos?
As respostas dadas pelo filme não deixam dúvidas sobre que tipo de sociedade se está falando. Em alguns casos, a pessoa abordada acaba revelando compartilhar dos mesmos valores daquele outro absurdo e não-civilizado, mostrando ser o estereótipo mero reflexo cultural. Como quando um cara explica tranquilamente qual a melhor arma para se matar um judeu, ou um outro revela a que velocidade se deve andar para se matar um cigano sem danificar o veículo (todo Adorno está nesse trecho). Ou ainda quando simpáticos cowboys aplaudem frases como Bush ‘ir beber o sangue dos iraquianos’.
Noutros casos, o outro se torna um incômodo e vira caso de polícia. Nesse caso, o que se revela é a hipocrisia da aceitação das diferenças. Como no caso do pastor que se depara com uma prostituta debaixo nível (negra e gorda) dentro de seu círculo social, ou no caso do peão texano que explica a Borat que ele deve tirar o bigode para não parecer terrorista e parar de beijar homens no rosto para não parecer viado.
Em ambos triunfa Cohen, que consegue extrair o pior de cada indivíduo, exatamente o que dá sustentação ao regime que vivemos. Queria que alguém fizesse algo parecido no Brasil, para revelar nosso lado fascista que acompanhamos todos os dias, mas que é ideologicamente disfarçado. Basta dizer que no último programa do Pânico na TV que eu assisti, os caras ateiam fogo na Sabrina Sato e cantam parabéns pra você enquanto a moça queima. Independente de sua veracidade ou não, o fato de alimentar essa fantasia revela que os campos de concentração não foram o que de pior poderia acontecer em nosso doce mundo, como se insiste em representar. Aliás, a versão tupiniquim dessa grande tragédia social é a já desbotada ditadura, como se este fosse o pior atentado já ocorrido contra os brasileiros. O pessoal da periferia cai na risada cada vez que um artista ou um professor vem com qualquer papo furado nesse sentido.
2) Como respeitar as diferenças se eu não conheço o diferente? Será que essa política não significa de fato que eu quero que o outro viva muito bem e feliz desde que seu mal cheiro não me incomode? Aqui no Brasil da miscigenação nós conhecemos essa estratégia muito bem.
3) Politicamente correto = miopia ideológica. Aquilo que mais me enoja no outro é agora visto como diferença cultural, sem que o dado básico do asco e da discriminação social daí proveniente seja alterado. Assim eu consigo me apropriar de partes do outro, como se fosse este um Frankstein. A alteridade desaparece e cede lugar à última moda, pois tirar a carga negativa de um dado objeto é o primeiro passo para torná-lo consumível. Bob Marley tinha milhares de piolhos e era sujo, mas usar dreads é muito bonito e está em alta. O que possibilita isso é uma percepção esquizofrênica, que têm no politicamente correto sua expressão discursiva.
4) Todos os que foram abordados por Borat (ao menos aqueles que entraram no filme) compram o esteriótipo absurdo cirado por Cohen, quando qualquer criança do Cazaquistão – ou de um país qualquer de terceiro mundo – sabe ser aquilo uma caricatura bizarra (talvez por isso tão convincente). Mesmo a criação de um tipo que a princípio pode parecer ofensivo se volta muito mais contra a visão Ocidental (Europa e US and A são os paradigmas) do que contra a periferia, pelo grau de exagero caricatural da personagem. Cair na conversa de Borat é ser tratado como um idiota, ou como um retardado preso em uma jaula. Tanto que no próprio Cazaquistão (com exceção das autoridades, mas essas são imbecis em qualquer lugar do mundo) o DVD está entre os mais procurados, e isso não se explica simplesmente pelo desejo de notoriedade a todo custo. A rigor o filme não representa ninguém do terceiro mundo, antes dá forma concreta a um preconceito compartilhado por todos.
5) O cara é muito bom, sabe provocar e irritar uma pessoa até que estas revelem seu lado mais sórdido. Ele é um camarada nada ingênuo, sabe exatamente onde a ferida aperta mais. Atirar os preconceitos sociais contra os seus criadores usando o humor como forma de denuncia social. Imbecil preconceituoso que se promove as custas da humilhação do próximo? Imaginem um Machado de Assis politicamente correto.
6) O filme apresenta as melhores piadas de judeu que eu já vi e ouvi. Tão boas que só um judeu poderia desenvolvê-las.
7) O filme é muito engraçado. Mesmo quando incomoda mais do que faz rir. Mesmo quando as piadas são ruins.
8) Quem nunca teve vontade de chamar uma feminista de gostosa e de perguntar para outra sobre o paradeiro de Pâmela Anderson (no nosso caso, da Carla Perez) que atire a primeira pedra.
9) "Dr. Yamak provou cientificamente que os judeus é que acabaram com os dinossauros"
10) E agora, todos em pé para ouvir o hino da fabulosa nação Cazaquistão.


Aqui vai um video do cara no Youtube. Nosso glorioso repórter canta em um bar de cowboys a clássica 'Atire o judeu no poço'. E como não poderia deixar de ser, o público entusiasmado acompanha a canção.

http://youtube.com/watch?v=C5ieGC3iNSk