domingo, 21 de dezembro de 2008

Amarante, Camelo e a Vitrola


(ou três discos pra ouvir ou sei lá).

Que sou Fã dos Los Hermanos - com re-salvas - nunca foi segredo. Gosto do miolo da carreira. as pontas não me agradam. O primeiro homônimo "Los Hermanos" acho Cru, o último, muito 'profundo', coisa que me assunta e aborrece, pois sou "um meio intelectual, meio de esquerda" [pra entender o que quero dizer ao me descrever assim, sugiro a leitura de um conto do Machado de Assis: "Teoria do Medalhão"]. Digo mais: fui num show do primeiro disco da banda numa 'feirinha' de gente descola na Pompéia e o show não me agradou. Era uma bandinha qualquer, ouvi o disco e desconfiei: meu primo de 13 anos gostou - cuidado com o que pode ser -. Não gostei. Depois acidentalmente, fui num show do "Bloco do eu sozinho". O jogo mudou. Sai de lá em choque, parei na primeira loja e comprei o disco e ouvi incessantemente. Muito bom. Gostei tanto que dei o meu disco de presente pra uma amiga [faço muito isso] para ela ouvir e se convercer de que podia também esquecer o primeiro disco - como a banda 'meio' que fez - e gostar dos caras. Dito e feito. A moça virou super-fã. Daí os caras se exilaram e lançaram o Ventura. Nessa época, passei uma parte do verão em Parati. Alternavamos os campeonatos de Winning Eleven no Playstation2 com bebedeiras onde eu e meus amigos [quase todos músicos ou pretenços a tal] ouviamos e tiravamos as músicas do Ventura. Foi mágico. De fato o disco marcou. Gostei bastante que acabei indo nuns 5 shows deste disco. Muitos destes num local chamado Kasebre rockbar....Lugar fantástico, que se um dia você tiver a chance e a coragem de ir [é aqui na Zona Leste - perto de casa!] você não vai se arrepender...O Kasebre é a Meca do Rock. Repare nos Unos pretos de jovens, motos e capacetes dos motoboys...raro não possuir um adesivo do lugar. Multidões se arrastam para lá para ver Pearl Jam cover ou Ramones covers e coisas do tipo. Mas enfim....acabei comparecendo no Show do 4. O disco é bom, mas do tipo que qualquer distração pequena, nos tira a atenção dele. Enfim, não gosto e vou falar muito porque ouvi pouco. Repito: gosto do miolo da carreira. as pontas não me agradam.
Seguindo minha vida, nos últimos dois meses, me deparei com três discos ligados em si de alguma maneira (além de todos serem atuais [2008]):
(i)Sou/nóS do Marcelo Camelo
(ii) Little Joy - Little Joy
(iii) Notícias - Vitrola Sintética
Vou falar pouco. Vou dar umas informações que vi por aí e a minha visão [limitada, mas honesta e limpa], daí os discos ficam aí pra serem baixados e cada pessoa pensa o que quer e depois me conta pra ver onde podemos chegar como tudo isso, vamos lá:

(i)Sou/nóS - Marcelo Camelo
Wikipedia: É o primeiro trabalho solo do cantor. É um albúm mais experimental e com músicas mais introspectivas. Vem sendo bastante elogiado pela crítica especializada;Destaque para as músicas "Mais Tarde", "Doce Solidão", "Janta", " Liberdade" e " Téo e a Gaivota".

Gostei do disco. Embora tenho achado um disco um tanto "pobre" no conjunto, fica positivo o fato do Marcelo ter se 'libertado' e assumido como trabalho o que ele colocava como influência: Músicas com fortes tendências MPBísticas. Um disco criativo, e se o Camelo trilhar esse caminho, uma hora ele acerta na mosca. Vale lembrar que a atual banda de Apoio é o Hurtmold. Banda do qual sou fã desde o começo do começo na garagem da Rua Pinto Monteiro, e se acontecer do Camelo entrar na onda do Marinho e Cia, a coisa vai dar samba. Ou melhor, dar música alternativa, criativa e de altíssima qualidade.

(ii)Little Joy - Little Joy


Rolling Stone: O Little Joy, projeto criado por Fabrizio Moretti, baterista do Strokes, e Rodrigo Amarante, cantor e guitarrista do Los Hermanos  .
Gostei muito do Disco. Parece trilha de comercial de carro wagon na praia. Escutei muitas vezes, e a única conclusão que cheguei é que é muito bom. Viva os projetos paralelos.

(iii)Notícias - Vitrola Sintética


Uma senhora estréia de um projeto entre amigos e afins que começou a pouco tempo. Imagine um disco intermediário entre o primeiro disco do Los Hermanos e o segundo Bloco do eu sozinho". É essa a sonoridade que você vai encontrar. Ótimo início. Nas músicas, algumas pouco cruas (nada que desvalorize as músicas), já podemos encontrar um certo lirismo abstrado valioso. Vale destacar "Rótulo", composta e cantada pelo pianista do grupo Mascos Alma. O vocalista, Felipe Antunes alterna Genialidade no cantar com momentos no qual tira a atenção de si  carregando a voz de uma maneira que faz lembrar Sergio Filho da Gram ou Dinho Ouro Preto - e faz sem necessidade, pois canta bem e alinhado com a proposta. Isso pode ser valioso para alguns, mas pessoalmente não me agrada. Otávio Carvalho faz um bom trabalho nos baixos, barulhos e pós-play do disco. Tive a oportunidade de vê-los ao vivo numa pré-estréia do disco Notícias, e pude atestar a competência na qual executam magistralmente as músicas com a mesma qualidade e sonoridade do CD, e fazem isso sem matar possíveis improvisos do calor do momento. O primeiro disco vale, e a banda promete.
E pra quem prefere escapar fedendo do que morrer cheiroso, ficam os discos pra download (clique no nome que o link aparecerá):



Mais uns discos no migué:
Outros discos comentados aqui (clique para fazer download):
Los hermanos:
"4"
Gram:
"Gram"
Hurtmold:

.t






6 comentários:

  1. Eu sei que vc tem um olhar muito generoso para essa nova safra MPB e conhece mais que eu, mas esse disco novo do Camelo é prepotente e chato como a maior parte dos discos da nova MPB (isso existe mesmo?). Pelo menos ele não aderiu à moda e gravou mais um disco de samba... E ainda por cima tem uma música solo de piano que é horrorosa demais.
    O do Amarantes é mais legal, mais sincero pelo menos, mas bem que poderia parecer um pouco menos com beatles... será que todo disco de rock atual tem que ser uma retomada de Beatles? PQP, deixem os caras morrerem em paz...
    O do vitrola eu não consegui baixar, vou procurar em outro lugar e daí te falo...
    Sabe o que eu acho... cada vez mais eu me convenço que a genialidade dos dois discos intermediários dos Los Hermanos se deve aos caras que fizeram os arranjos de metais, que são brilhantes. Perdeu os metais, a graça do grupo caiu em 60%... Mas eles vão voltar neh? Vamve se com ou sem metal...

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  2. nunca parei para ouvir o los hermanos e por causa do post estou fazendo isso. tô escutando o bloco do eu sozinho e digo uma coisa: a primeira música me impressionou (gostei muito)e as seguintes me decepcionaram (não gostei nada, com uma melhora interessante no final), numa semelhança com a sensação que eu tive ao ouvir o disco mais recente do chico: umas músicas boas e outras ruins falando de mulher. será que o amor é o que resta na atual conjuntura da classe média? ou é o único que consegue se distender no espaço do disco?
    ao ouvir o álbum todo é como se eles tivessem resolvido mesmo brincar de ser feliz. é, talvez haja uma unidade...

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  3. ps. a parte instrumental é foda em todas as músicas

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  4. Ouvindo os dois discos solos dos caras acho que finalmente entendi como funciona a quimica de Camelo/Amarantes: O Camelo faz com que o som do Amarantes não fique bobo, e o Amarantes faz com que o som do Camelo não fique chato.
    E improvavel, o forte dos Hermanos nunca foi a letra... o que os caras tem de melhor mesmo são as melodias e os arranjos, além de um talento típico da psicodelia de colocar pequenos elementos que causam estranhamento, como os breques de "deixa o verão", ou a valsa psicodélica de "do lado de dentro". É capaz de vc gostar mais do Ventura assim, de cara... é mais rock que o outro. Pelo menos foi o que aconteceu comigo. E é sempre legal como eles trabalham os arranjos das músicas, como a relação entre os instrumentos ajudam a compor o sentido da música...

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  5. Gosto dos dois, mas o Amarante me agrada mais.
    O disco do Vitrola pode ser encontrado no link http://lix.in/-3f503c ou no próprio site da banda www.vitrolasintetica.com.br

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  6. é voraz, você tem razão, as letras não são boas... mas num primeiro impacto me impressionou o lugar que elas atingem impulsionadas pela qualidade musical do grupo, que tem a ver com as coisas que você falou (psicodelia, estranhamento, a relação entre os instrumentos compondo o sentido da música). algumas letras e algums sacadas são boas (como o verso "nem ouse me dizer do que é feito o samba", que vem como uma segunda versão de "ninguém ousa dizer de que é feito o samba"), mas a maior parte é uma conversa mole insossa. é uma pena, porque as letras não são nem despretensiosas nem boas... e eles arranharam uns lugares interessantes, na minha opinião.

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